Tenho muita dúvida, sobretudo porque as pessoas que verdadeiramente fizeram as dívidas ocultas nunca foram julgadas”, defende Mondlane

Foi na ressaca dos 50 anos de independência nacional de Moçambique que a Integrity Magazine News entrevistou o político e ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane e na ocasião abordamos que recentemente foram soltos os condenados do processo das dívidas ocultas. Neste sentido, acreditas que com a soltura deste grupo, os processos autónomos sobre o mesmo problema poderão avançar?Em resposta, Venâncio Mondlane afirmou que “tenho muita dúvida, sobretudo porque as pessoas que verdadeiramente fizeram as dívidas ocultas nunca foram julgadas. (2) Andam muito enamorados, se calhar no espírito das propostas de Jauana de que é preciso um pacto do regime, então, se calhar, este pacto do regime já começou.”

Prosseguindo, argumentou que “com esta do pagamento do regime, Jauana devia ter vergonha enquanto sociólogo defender alternativas que colocam os ladrões do Estado em situação confortável, então tenho muitas dúvidas, porque acredito, pelo facto de termos um governo que sabe que é ilegítimo, porque nunca ganhou eleições.”

“Está ali com base na força das armas para poder fazer uma grande protecção dos autores morais das dívidas ocultas. Portanto, não tem autoridade para tal e nem se quer legitimidade para dar continuidade com este processo, pela forma como eles próprios ascenderam ao poder, porque é preciso ter coragem para poder fazer isto, não é brincadeira”, explicou Mondlane.“Aquilo que eu disse no simpósio do CIP sobre a legislação, porque combater a corrupção com os instrumentos que nós temos é suficiente, mas precisa de coragem. Tem que ser um gajo que está disponível há cinco anos como se estivesse em prisão domiciliária. Você tem que estar disponível a viver isso, porque os bandidos todos vão se levantar contra ti”, defendeu Venâncio Mondlane.

De acordo com Mondlane, “as gangues, as oligarquias todas vão se levantar contra ti e acabarem contigo, então o problema que se coloca é: qual é o dirigente, com coragem? De fazer como o Presidente de El Salvador, Nayib Bukele, porque o que está faltando no combate a corrupção em Moçambique é coragem. É só isso. Coragem e integridade, é o que está faltando nos dirigentes. Porque mexer na Lei é entretenimento, uma vez que o quadro legal para começar a agir já existe e é suficiente.”