Ogoverno de Moçambique impede entrada de humoristas estrangeiros. Haverá precedentes no caso “sem precedentes”?

Três humoristas estrangeiros de stand-up comedy foram, na tarde de ontem, impedidos de entrar para Moçambique no Aeroporto Internacional de Maputo. As motivações são desconhecidas. As autoridades não se pronunciaram sobre a situação.

Trata-se de três cidadãos, o angolano, Gilmário Vemba; o português, Hugo Sousa; e o brasileiro, Murilo Couto. Eles deveriam actuar em um espetáculo largamente publicitado a mais de um mês no país. A sala seria no Centro Cultural Moçambique-China, no recinto da Universidade Eduardo Mondlane.

Essa não seria a primeira vez que Vemba se comprometia em arrancar sorrisos ao público moçambicano, mas parece que o português e o brasileiro teriam cá a sua primeira experiência. Lamentavelmente, como expressaram em um vídeo, tudo terminou na sala de espera da fronteira aérea, sem explicações das autoridades migratórias.

Em uma publicação, o humorista angolano lamentou o sucedido, adiantou que os valores dos bilhetes seriam ressarcidos pelos mesmos canais de aquisição. Na mesma mensagem, manifestou a esperança de poder retornar a Moçambique.  

                     Haverá precedentes no caso “sem precedentes”?

Como se disse, há vários anos que Gilmário Vemba escala Moçambique para realizar espectáculos. Parece não haver registos de anterior situação similar. Mas vale aqui a pena recordar algumas notas sobre o artista intrinsecamente relacionadas a Moçambique.

Aqui é preciso mergulhar na política e chamar à colação os últimos acontecimentos e Moçambique em torno das manifestações pós-eleitorais entre 2024 e 2025. Escusado seria não evocar o nome de Venâncio Mondlane, afinal, foi o rosto dos protestos.

A quando de suas transmissões de assuntos políticos para os moçambicanos, Mondlane chegou a ter como convidado Gilmário Vemba, que apoiou a luta política desencadeada em Moçambique.

Em uma das suas recentes actuações, – possivelmente em Angola – o humorista colocou a nu a falta de pujança da polícia canina moçambicana que procurou repelir manifestantes com um cão, aparentemente, mal-nutrido e doente.

Mondlane – o principal opositor do actual regime em Moçambique – esteve recentemente em Portugal. Lá manteve encontro com Vemba, e parece ter ficado evidente a sua simpatia política por Mondlane. Aliás, em Janeiro terá feito uma publicação segundo a qual o novo Presidente de Moçambique era Venâncio Mondlane.

Será que essas situações terão contribuído para ele e os outros terem sido o alvo de “um espetáculo maior” ao, “sem precedentes” aparentes, o país demonstrar, mais uma vez, intolerância política? Que piada (não) foi essa?

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